Líderes
de partidos de oposição afirmaram neste sábado que a situação da
presidente Dilma Rousseff se “agrava” com a revelação, publicada neste
sábado, 22, pelo jornal O Estado de S. Paulo, de que a então
presidente do Conselho de Administração da Petrobras tinha conhecimento
de uma das cláusulas na compra de parte de uma refinaria no Japão em
2007.
Ao contrário do caso japonês, Dilma disse que desconhecia a
existência da cláusula Put Option, que obriga uma das partes da
sociedade a comprar a outra em caso de desentendimento, quando aprovou a
aquisição de parte da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), um ano
antes.
Em texto assinado pela Secretaria de Comunicação do Palácio do
Planalto e encaminhado ao jornal, Dilma disse ter autorizado a compra da
refinaria japonesa Nansei Sekiyu com base num “resumo” elaborado pela
diretoria internacional da Petrobras, na época comandada por Nestor
Cerveró, no qual “está referida a existência de cláusulas contratuais
que materializaram o Put Option, bem como as informações técnicas
correspondentes”.
No caso da refinaria de Pasadena, a presidente havia informado ao
Estado que o resumo que recebeu do mesmo Cerveró, demitido ontem de um
cargo de diretor na BR Distribuidora, era “falho” e omitia condições do
contrato como as cláusulas de Put Option e Marlim (que garantia à sócia
da Petrobras um lucro mínimo independentemente da situação do mercado).
Ela informou que, se soubesse das cláusulas, não apoiaria o negócio.
Em 2012, a estatal pagou US$ 1,18 bilhão por toda a refinaria de
Pasadena, que, sete anos antes, havia sido negociada por US$ 42,5
milhões à ex-sócia belga. A compra da unidade está sob investigação do
Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e Ministério Público
Federal. A oposição vai se reunir na próxima semana para decidir se
apoia a criação de uma CPI para investigar a transação.
“Eu acho que, diante do fato posto, qualquer tentativa de explicação
só agrava a situação”, afirmou o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro
Dias (PR). “Falar que não sabia dos detalhes, compromete. Falar que
sabia, compromete também. Não tem alternativa para o governo não ter
tomado nenhuma providência para apurar os fatos desde o final de 2012 e
demitir os responsáveis”, completou o tucano, referindo-se à falta de
respostas ao pedido de explicações que apresentou sobre a operação de
Pasadena.
Para o presidente e líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), a
revelação de que um ano depois, em uma operação semelhante, Dilma
avalizou uma operação com a cláusula Put Option só reforça a necessidade
de se apurar o caso da refinaria comprada pela estatal nos Estados
Unidos.
“Em jogo, está a palavra da presidente da República. É um jogo
gravíssimo”, afirmou Agripino. “É um assunto grave e impõe
esclarecimentos sob pena de alguém estar mentindo. A coisa está a cada
dia que passa mais enrolada, mais cheia de mistério”, completou.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), saiu em defesa de Dilma
e disse que a oposição quer transformar a operação de compra da
refinaria em “instrumento de disputa política”. O petista disse que não
houve descaso da presidente na operação de Pasadena. Segundo Costa, ela
pode ter tomado conhecimento da cláusula no caso da refinaria japonesa e
não, um ano antes, quando tratou da unidade localizada no Texas. “Estão
tentando destruir a imagem da presidente como boa gestora que ela é”,
criticou o líder do PT.
Fonte: Diário do Poder
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