Chegava a 21 o número de fazendas invadidas por
grupos de sem-terra no ‘Carnaval vermelho’ da Frente Nacional de Lutas
(FNL) no oeste do Estado de São Paulo até a tarde deste domingo (2). As
ocupações ocorreram nas regiões do Pontal do Paranapanema, Alta Paulista
e Noroeste do Estado desde a madrugada de sábado.
A mobilização, articulada por José Rainha Júnior, do MST da Base,
dissidência do Movimentar dos Sem-Terra (MST), cobra a retomada da
reforma agrária na região. Proprietários das fazendas Guarani e Bela
Vista, em Presidente Bernardes, no Pontal, conseguiram na Justiça ordens
de despejo contra os sem-terra, mas as lideranças ainda não tinham sido
notificadas.
De acordo com Rainha Júnior, as ocupações vão continuar para
pressionar o governo a fazer novos assentamentos e melhorar a
assistência aos já instalados.
No dia 21 de fevereiro, a União e o Estado firmaram convênio para
retomar as terras devolutas do Pontal, destinando-as à reforma agrária.
Uma verba de R$ 55,8 milhões do governo federal será usada para
indenizar as benfeitorias. “Temos uma lista de fazendas cujos
proprietários aceitam negociar e vamos apresentar ao Itesp (Instituto de
Terras do Estado de São Paulo)”, disse Rainha.
Uma das fazendas invadidas no Pontal do Paranapanema, a fazenda Vista
Alegre, em Marabá Paulista, pertence à Igreja Católica e foi fruto de
uma doação à Diocese de Presidente Prudente feita por duas irmãs
religiosas. A igreja é tradicional aliada e apoiadora dos movimentos de
luta pela terra.
Rainha informou que vai pedir uma reunião com o bispo d. Benedito
Gonçalves dos Santos para discutir a situação da área. “Queremos que a
Igreja faça a doação para o governo assentar famílias.”
Além do MST da Base, integram a frente o Movimento dos Agricultores
Sem-Terra (Mast) e sindicatos ligados à Confederação Nacional dos
Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais (Conafer). AE
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